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MUNDO
O grande segredo da indústria é criar o seu próprio mercado, os detentores deste segredo, a Alemanha S.A., a França S.A. e outros afins, criaram um ambiente propicio para as empresas de mais pequena dimensão, tal como, a Grécia S.A. e outros semelhantes (PIIGS), se pudessem endividar e comprar os seus produtos.
O mundo está repleto de segredos, a Grécia S.A. e os outros (PIIGS) também tinham os seus, manipulavam a contabilidade e eram geridos por incompetentes. Esta assimetria nos segredos, induziu alguns a emprestar demais e outros a endividar-se em excesso, sem ter em conta o risco, um risco mútuo, uns não receberem de volta o que haviam emprestado e os outros não terem capacidade para devolver. O risco era mútuo mas a responsabilidade parecia ou parece não ser. Os segredos, um dia tornam-se evidências, os hábitos denunciam as pessoas, a Grécia S.A. e os outros (PIIGS), estavam falidos. A Alemanha S.A e afins, não iam receber o seu dinheiro, uma situação problemática para a Administração, como explicar aos seus accionistas que iam perder dinheiro? Na Administração da Alemanha S.A., supostamente, há pessoas inteligentes, perante, prejuízos consumados, a melhor estratégia é redistribuir os custos pelos demais. A solução foi criar paralelamente um sindicato bancário internacional e um veiculo financeiro. O veiculo financeiro iria receber um empréstimo do sindicato bancário para pagar as dívidas à Alemanha S.A. e dos outros credores, além de absorver os passivos, o veiculo financeiro ficaria com direito sobre os activos da Grecia S.A., com intuito de privatiza-los e amortizar o empréstimo sindicado. No entanto, a receita das privatizações não parece ser suficiente para amortizar o empréstimo contraído junto do sindicato bancário, então, como o veiculo financeiro detêm poderes de gestão inicia uma reestruturação da Grécia S.A., manda cortar nas despesas, alarga os horários de produção e despede funcionários. Redução de custos para aumentar a produtividade da Grécia S.A., somente, com mais competitividade é possível crescer porque sem crescimento não se paga a dívida a ninguém. Sendo assim vai-se espremendo a Grécia S.A. e seus semelhantes até que haja lucro. Mas a Grécia S.A. também tem uma Administração e accionistas, eles resistem, até que lhes seja perdoada parte substancial da dívida porque eles sabem que não vão gerar lucros e a dívida já não é passível de ser paga. Só resta voltar a manipular os números. Miguel Amaral
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_Possivelmente, há 5 anos atrás ninguém seria capaz de prever o estado caótico em que se encontraria a Europa, à data de hoje, e é pouco provável que hoje alguém consiga fazer as mesmas previsões para o mesmo lapso de tempo. Talvez, a única excepção, sejam os tipos de Wall Street e/ou da City.
Quando penso na situação grega e no comportamento dos parceiros europeus não consigo evitar fazer uma analogia de cariz médica. Penso naquele doente em estado grave que se dirige as Urgências, onde diagnosticado com gravidade é imediatamente submetido à cuidados intensivos, à cirurgia e o consequente internamento e tratamento para debelar a doença. No caso, do doente chegar a Urgência já em caso terminal, numa situação em que já não é possível reverter a situação, não há lugar à cirurgia, nem o consequente tratamento para debelar a doença, simplesmente, o doente fica internado para receber tratamento paliativo para minorar a dor e proporcionar uma morte digna. Penso, que é isto, que está a acontecer com a Grécia, não tem salvação possível, é a explicação que encontro para as sucessivas Cimeiras Europeias nunca alcançarem nenhum acordo, os alemães cogitam deixar cair os gregos. Algo que ainda não aconteceu porque o doente grego não sofre de uma patologia cancerígena, mas de peste. Uma peste que pode contagiar os demais, enquanto, os alemães não encontrarem um antídoto eficaz para restringir a peste à Grécia e evitar o contágio à Alemanha, nomeadamente, ao seu sector bancário. No entanto, já começam a ser muitos os analistas, que consideram o sistema financeiro alemão um hospedeiro da dita peste. Enquanto isso, os gregos vão continuar num estado vegetativo e moribundo. Estou convencido que o destino da Grécia, já está decidido, será a queda e a bancarrota. É apenas uma questão de tempo. Miguel Amaral _As perspectivas para a Zona Euro e por inerência para a UE são cada vez mais sombrias, o sol para os países periféricos está em permanente metamorfose dissipando a luz do horizonte. É certo que uma crise desta dimensão não tem origem apenas numa causa mas sim num somatório de circunstâncias. Provavelmente, as circunstâncias mais visíveis são a ausência de uma liderança coesa do projecto europeu e a predominância Germânica na resposta à crise.
Uma resposta que tem sacrificado os países mais frágeis da Zona Euro porque a receita Germânica baseada na austeridade fiscal apenas tem agravado os sintomas da crise sem dar resposta as causas. A periferia da Zona Euro afoga-se em recessão, mergulhando os países numa contracção violenta, com sucessivas falências e o respectivo aumento do desemprego. As populações são ainda castigadas com uma brutal redução dos seus rendimentos e um brutal aumento do seu custo de vida. O que antes podia ser resolvido em cada país com uma desvalorização cambial, hoje na ausência de política monetária, é feito através de uma desvalorização competitiva, que implica uma redução do custo do factor trabalho ou então aumento do desemprego. Aliás, o desemprego tem sido massivo nos vários países da periferia, a tendência será para aumentar, não seria nada surpreendente, assistir a uma quebra nas receitas dos Estados, precisamente, devido ao exagerado esforço fiscal. Enquanto, os países da periferia não souberem reinventar-se, as suas populações conhecerão a miséria, e as pessoas não entenderão o porquê. Mas a miséria contagia-se, até alcançar a Alemanha, e expor as suas fragilidades, nomeadamente, os seus bancos públicos intoxicados. Toda a construção europeia foi feita a imagem e semelhança da Alemanha, todas as suas indecisões e a sua falta de solidariedade foi apenas para salvaguardar o seu sistema bancário e a sua economia. Sacrificaram-se os mais fracos, que não tinham consciência da sua condição, para salvar o mais forte. Quando os mais fracos recuperarem a sua consciência, preservarem a sua racionalidade, não estarão mais na disposição de fazer cedências, possivelmente, viveremos uma nova era, a Era da Germano Fobia, que poderá começar na Itália ou na Espanha. Miguel Amaral Tudo indica que a dívida soberana grega vai ser reestruturada, possivelmente, em 50% ou 60%, apesar, de muitos analistas apontarem para a necessidade da dívida grega sofrer um corte na ordem dos 80% ou mais. Uma reestruturação desta magnitude corresponde a um default. Nestas circunstâncias, dificilmente a Grécia permanece na Zona Euro, será obrigada a sair da moeda única porque o default grego implica uma enorme perda de credibilidade para o Euro e de estatuto das respectivas dívidas soberanas. A própria sociedade grega, após, este vexame, pressionará a sua elite política para sair do Euro e regressar ao Dracma.
Este cenário, a concretizar-se, será trágico para a Grécia, aliás, existem dois Outlook's, um do Citi e outro do UBS, que explicam muito bem as consequências negativas que implicam uma saída do Euro. O analista do Citi refere que um regresso ao Dracma terá como consequências; uma massiva fuga de capitais, uma forte desvalorização da moeda grega e hiperinflação. Enquanto, os analistas do UBS, estimam uma quebra do PIB per capita de 10.000 euros no primeiro ano após a saída, 4.000 euros e 3.000 euros nos anos seguintes. Portanto, um cenário de empobrecimento generalizado, é a ruína total da Grécia. Perante, tamanho desastre económico, será o caos social, o país deixará de funcionar, as ruas serão tomadas pela população, o ar pesado e enfurecido que hoje se respira na Grécia passará a ser de rebelião. Neste cenário, a verificar-se, apenas existe uma solução, os militares descerem as ruas e tomarem conta do país. Teremos, uma situação bizarra, um membro da União Europeia governado por uma Junta Militar, algo que, não é compatível com nenhuma concepção democrática. O cenário, pode parecer irrealista, mas convém não esquecer, a Grécia, já foi uma Ditadura Militar num passado muito recente. Por isso, deixar cair a Grécia, pode ter consequências imprevisíveis, não apenas para o país helénico como para toda a União Europeia. Seria um facto absolutamente incompreensível porque poria em causa todo o projecto europeu. Além de ser um rastilho, para o renascimento dos Nacionalismos mais radicais, um verdadeiro retrocesso civilizacional. Trágico para todos os europeus e europeístas. Miguel Amaral Parece cada vez mais consensual, a crise na Zona Euro não se resume apenas a uma crise dos Países Periféricos. É sobretudo uma crise de vazio político, de uma gritante ausência de liderança, cujo, expoente máximo é a Alemanha, personificada pela Sra Angela Merkel. Uma Sra responsável por um conjunto de declarações e indefinições que apenas agravaram a temperatura do termómetro da crise.
Num texto que também vai ser hoje publicado, mas na secção Portugal, com o título “Zona Euro, sair ou não?”, do autor Fernando Aidos, após uma ligeira troca de impressões entre mim e ele, com refúgio no bom-senso, disse que tal opção seria catastrófica para Portugal porque a dívida continuaria denominada em Euros, haveria uma escalada da inflação, acompanhada pelo disparar das taxas de juros e o afundamento total do escudo, e cuja consequência, seria uma maciça fuga de capitais e décadas sem ter acesso aos mercados, portanto, a miséria mais que absoluta. No entanto, esta troca de impressões, fez-me recuperar uma ideia antiga, um lugar comum, aliás, cada vez mais comum, afirmar que existe uma Europa à duas velocidades. Não sou Robert Mundell, nem de perto, nem de longe, para escrever com autoridade sobre o Euro e as Áreas Monetárias Óptimas, mas se existe cada vez mais um fosso entre os países não faria sentido a existência de duas Zonas Euros? Uma Zona Euro para a Alemanha e seus semelhantes e uma outra Zona Euro para os PIIGS? Uma Zona Euro com um Euro à imagem e semelhança do Marco Alemão, um BCE reflexo perfeito do Bundesbank, enquanto, do outro lado, teríamos um Euro para os PIIGS, suficientemente desvalorizado para recuperar a competitividade e relançar o crescimento económico da Zona Euro PIIGS, um BCE PIIGS preocupado em gerar emprego e controlar a inflação (a imagem da FED), e quando necessário, imprimir dinheiro. Além disso, teríamos um Governo Económico Comum para toda a Zona Euro PIIGS, com harmonização fiscal, desenvolvimento de mecanismos ou veículos de dívida comum, e sobretudo, uma profunda mudança de mentalidade na Zona Euro PIIGS. Para isto funcionar, teríamos que abandonar, de forma transversal, em toda a sociedade, o estilo de vida; a la Camorra, que tanto nos apraz viver. Teríamos que assumir de uma vez por todas: La Dolce Vita che finita. Na minha perspectiva o ideal seria transformar esta Zona Euro PIIGS numa Suíça, mas em ponto grande. A questão seria saber que consequências uma realidade deste género teria para a Alemanha? Um país com um superavit tremendo mas com uma procura interna estagnada, que consequências, teria um cenário desta natureza para a indústria alemã? Provavelmente, a indústria alemã perderia competitividade, perderia quota de mercado, com a procura interna estagnada, com o horror alemão à inflação, a economia entraria em recessão. Nesta equação complexa, com muitas variáveis que não dominamos e nem conhecemos, quem precisa mais de quem? Uma coisa parece-me evidente, o nosso maior trunfo, será sempre a Boa-Governação. Porque qualquer que seja o cenário futuro, será a única forma de recuperar a nossa credibilidade e a nossa reputação. Hoje e no futuro, o nosso país apenas depende de nós, o resto é ficção, inclusive, este suposto artigo. Miguel Amaral Recentemente, o FMI publicou o seu Review Económico sobre a América Latina, com uma tónica especial sobre os evidentes riscos de sobreaquecimento económico da região. O FMI suporta a sua análise no facto da maioria dos países da América Latina experimentarem um crescimento económico superior a sua taxa potencial. Os fundamentos de um crescimento tão expressivo residem na procura interna, nas condições externas favoráveis e por políticas macroeconómicas expansivas.
O FMI no seu relatório faz as seguintes recomendações aos países da região: a) É necessário que as autoridades permaneçam atentas para não permitir que a alta verificada nos preços dos alimentos e da energia não contaminem a inflação; b) A política fiscal foi um complemento insuficiente da política monetária, este ano será necessário moderar o crescimento económico, reduzindo o gasto público e retirando o estimulo monetário; c) Devido a forte procura interna, os deficits por conta corrente aumentaram em muitos países da região, inclusivamente, naqueles que beneficiam do aumento dos preços das matérias primas. Será importante fazer uso da política fiscal para conter os deficits; d) O crescimento do crédito disparou em vários países da região. Os sistemas bancários continuam sólidos, no entanto, a supervisão deve ser reforçada, uma vez que, o alavancamento e os passivos externos aumentaram significativamente em alguns países. As empresas recorrem cada vez mais ao endividamento externo e os preços de certos activos começam a indiciar sinais de borbulha. O relatório do FMI analisa em detalhe os aspectos anteriormente mencionados e considera que perante os riscos de uma revisão em baixa da actividade mundial, é necessário desenvolver uma margem que permita a aplicação de políticas contra-cíclicas e a adopção de medidas preventivas para evitar no futuro uma reversão nos fluxos de capital. Miguel Amaral O gráfico evidencia a evolução do PER no mercado bolsita norte-americano. Verificamos uma forte tendência bull a partir de 1980 até ao estalar da crise financeira. Na presente data, sensivelmente, 94% das empresas norte-americanas já apresentaram os resultados referentes ao 4T10, constatamos, que o PER apresenta um valor de 17, um patamar considerado baixo. Miguel AmaralEste gráfico ilustra a evolução do rácio Dow/Ouro, podemos notar que o Dow tem seguido uma forte tendência bear. Em 1999, eram necessárias 44,8 onças para comprar o Dow, actualmente, são necessárias 8,8 onças. Será que está tendência se vai inverter? Miguel AmaralApresentamos um gráfico que ilustra a recuperação de alguns dos principais índices accionistas norte-americanos. Como se pode observar no gráfico, os índices S&P 400 e Nasdaq, praticamente, já recuperaram todas as suas perdas, após, a grande crise financeira. Miguel AmaralO modelo de crescimento económico chinês é essencialmente baseado nas exportações, a competitividade das exportações chinesas depende da taxa de câmbio, uma taxa artificialmente manipulada no sentido da desvalorização. O que implica uma permanente intervenção no mercado de divisas para conter a apreciação da sua moeda, esta intervenção no mercado provoca um excesso de liquidez que pode condicionar a eficácia da política monetária, nomeadamente, no controlo do crescimento dos preços.
Um cenário de crescente inflação na China é preocupante porque irá desgastar a competitividade das exportações chinesas e pode por em causa o seu próprio modelo de crescimento e a recuperação mundial. Por isso, foi com alguma apreensão que li os dados do relatório do Tesouro Norte-americano ao Congresso, apesar do renminbi ter apreciado somente 3,7% em relação ao dólar, como consequência da liberalização parcial da moeda, a apreciação real do renminbi foi superior à 10% anual devido à inflação. A inflação chinesa situou-se nos 4,6% em Dezembro, em termos mensais está a crescer ao ritmo de 0,4%, enquanto o preço das matérias-primas e dos produtos manufacturados cresceram a 1,5%, e o preço dos alimentos cresceram a 10% e a pressão sobre o salário mínimo foi de 20%. Portanto, a economia chinesa depara-se com importantes tensões nos preços, e sem muita margem para uma política monetária conservadora, pelo que, seria expectável um modelo económico mais baseado na procura interna do que na procura externa, nomeadamente, mais centrado no consumo interno, a questão, será saber se está mudança no modelo económico será possível no actual modelo político chinês? Miguel Amaral |